pour toujours

4.11.13

Why Did You Leave Me All Alone? ♥


Numa realidade paralela, talvez as palavras que vou cuspindo signifiquem realmente alguma coisa. Por agora, aqui, são só o reflexo daquilo que não quero dizer. Não posso deixar que os meus lábios profiram certos vocábulos. Não antes de os metamorfosearem de tal modo que a verdade já não possa mais vir ao de cima. Vou deixando pequenos apontamentos da minha existência pelos locais por onde passo. Se estiver escuro, ninguém os vê. Se calhar, seria melhor assim: que a minha existência pudesse ser ignorada por todos aqueles que pisam o mesmo chão que eu. Sinto-me a respirar um ar cada vez mais rarefeito, que mais e mais me magoa o peito e me faz arder os pulmões. Pulmões de ópera que não operam os seus próprios movimentos. É tudo involuntário, e por isso mesmo, cinjo-me ao mínimo dos mínimos. Fecho as mãos com força tentando fazer o tempo parar, mas ele não para. Nada para. Não consigo mudar. Sinto qualquer tipo de ilusão de controlo que ainda pudesse ter esvair-se por cada um dos meus poros. Há fumo, mas não há distração. Há verde, mas o fogo de artifício não vem. Sinto-me sôfrega e mortiça ao mesmo tempo. Como se fosse possível sentir-me mais do que viva e a morrer ao mesmo tempo. Começo a escrever e não paro. Vou inventando frases que não fazem o mínimo sentido. A ideia principal vai-se diluindo a cada palavra que acrescento aos meus devaneios. Preciso disto tanto quanto preciso de oxigénio. Preciso de oxigénio?

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