O tempo passava, talvez mais lento do que o costume. Lá fora, talvez o dia estivesse bonito. Ou talvez chovesse torrencialmente. Ela não o sabia. Na verdade, não queria descobrir sequer. Vivia, como tantos outros, enclausurada na sua própria mente. Não se lembrava da última vez que dormira sem que os piores pesadelos lhe assolassem a mente. Sonhos horríveis, em que eles ainda pertenciam um ao outro Em que tudo estava bem. Tinha jurado nunca mais falar com ele acerca do que sentiam. Afinal, o facto de estarem apaixonados devia ser mantido em segredo. Por ele, por ela e pela outra. Ele estava cego. E ela só não sabia se era de amores se porque não aguentava a deceção. Provavelmente a segunda hipótese. Ele sempre fechou os olhos ao sentimento, e agora, ela também fingia não ver que a outra o andava a enganar em plena luz do dia. Como quem diz. Deixou-se estar quieta. Fingiu que já não sentia nada por ele e sorriu. Sempre ficava mais bonita com felicidade nos olhos, ainda que fosse falsa. Mentiu e disse que não o via sofrer. Andou e deu o papel à melhor amiga dele. "Faz o que quiseres".
4 comentários:
Apaguei o blog antigo, se quiseres seguir o novo *
Este texto está tão bonito. Como estão as coisas?
Muito sentido e bonito
oh, muito, mas muito obrigada :')
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Um beijo no coração,
Aurora
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